Eu
tenho uma teoria que, sem falsa modéstia, funciona muito bem na maior parte das
vezes. Ela é simples e direta: se os primeiros cinco minutos de um filme são
bons, existem 50% de chances de que ele se desenvolva de forma convincente e de
que o desfecho seja aceitável. Se os primeiros cinco minutos são ruins, o filme
será ruim.
Simples
e eficiente.
Obviamente,
existem exceções, como toda regra.
Um
dos atenuantes é que ela não funciona muito bem diante de obras-primas.
Em
1998 o crítico de um grande veículo, talvez a Folha de S. Paulo ou o Estadão,
eu honestamente não me recordo, escreveu uma frase bastante curiosa referente a
O Resgate do Soldado Ryan (saving private Ryan): “Passados os oito
minutos iniciais, a minha vontade era a de sair e comprar um novo ingresso, pois
aquela introdução valia o preço de um filme por completo”.
E
ele tinha razão.
A
obra de Steven Spielberg redefiniu a linguagem cinematográfica do gênero e esta
sequência inicial é certamente seu momento mais marcante.
Poderíamos
dizer o mesmo de Era uma Vez no Oeste
(once upon a time in the west), O Jogador (the player), entre outros.
O
poder de uma introdução bem feita e de seu impacto sobre a atenção do
espectador é muito intenso.
Por
isso o título desta coluna recebeu o nome de Melancolia (melancholia).
Para
quem quiser uma análise profunda sobre o filme de Lars Von Trier, o colunista
da Folha de S. Paulo Luiz Felipe
Pondé, para minha sorte meu professor na época da universidade, esmiúça seus
detalhes de forma extraordinária. Abaixo vou destacar o link com o texto completo.
Meu
foco aqui é a abertura, os oito minutos e meio que iniciam esta belíssima obra
e que mostram, de forma contundente, a importância dos parágrafos iniciais sob quaisquer aspectos.
Mesclando
diversas formas de arte, algumas modernas e tecnológicas, outras rústicas, distantes
do mundo da sétima arte (pelo menos na visão de alguns), associadas a um
trabalho sonoro avassalador, o diretor dinamarquês, que admito, não sou grande
fã, privilegia o espectador com uma visão única e magnífica do universo a ser
tratado. Mais do que isso, praticamente define sua premissa e o tema, um
aspecto filosófico da narrativa que será introduzido vagarosamente.
A amplitude é angustiante; daí o título.
Ele
é belíssimo por completo, mas esta introdução merece um destaque especial.
Eu
sairia e pagaria um novo ingresso para seguir em frente.
E
acreditem: seria mais do que justo.
http://sergyovitro.blogspot.com.br/2011/08/luiz-felipe-ponde-os-infortunios-da.html
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