16 de abril de 2012

MELANCOLIA



Eu tenho uma teoria que, sem falsa modéstia, funciona muito bem na maior parte das vezes. Ela é simples e direta: se os primeiros cinco minutos de um filme são bons, existem 50% de chances de que ele se desenvolva de forma convincente e de que o desfecho seja aceitável. Se os primeiros cinco minutos são ruins, o filme será ruim.

Simples e eficiente.

Obviamente, existem exceções, como toda regra.

Um dos atenuantes é que ela não funciona muito bem diante de obras-primas.

Em 1998 o crítico de um grande veículo, talvez a Folha de S. Paulo ou o Estadão, eu honestamente não me recordo, escreveu uma frase bastante curiosa referente a O Resgate do Soldado Ryan (saving private Ryan): “Passados os oito minutos iniciais, a minha vontade era a de sair e comprar um novo ingresso, pois aquela introdução valia o preço de um filme por completo”.

E ele tinha razão.

A obra de Steven Spielberg redefiniu a linguagem cinematográfica do gênero e esta sequência inicial é certamente seu momento mais marcante.

Poderíamos dizer o mesmo de Era uma Vez no Oeste (once upon a time in the west), O Jogador (the player), entre outros.

O poder de uma introdução bem feita e de seu impacto sobre a atenção do espectador é muito intenso.

Por isso o título desta coluna recebeu o nome de Melancolia (melancholia).

Para quem quiser uma análise profunda sobre o filme de Lars Von Trier, o colunista da Folha de S. Paulo Luiz Felipe Pondé, para minha sorte meu professor na época da universidade, esmiúça seus detalhes de forma extraordinária. Abaixo vou destacar o link com o texto completo.

Meu foco aqui é a abertura, os oito minutos e meio que iniciam esta belíssima obra e que mostram, de forma contundente, a importância dos parágrafos iniciais sob quaisquer aspectos.

Mesclando diversas formas de arte, algumas modernas e tecnológicas, outras rústicas, distantes do mundo da sétima arte (pelo menos na visão de alguns), associadas a um trabalho sonoro avassalador, o diretor dinamarquês, que admito, não sou grande fã, privilegia o espectador com uma visão única e magnífica do universo a ser tratado. Mais do que isso, praticamente define sua premissa e o tema, um aspecto filosófico da narrativa que será introduzido vagarosamente.

A amplitude é angustiante; daí o título.

Ele é belíssimo por completo, mas esta introdução merece um destaque especial.

Eu sairia e pagaria um novo ingresso para seguir em frente.

E acreditem: seria mais do que justo.  

http://sergyovitro.blogspot.com.br/2011/08/luiz-felipe-ponde-os-infortunios-da.html

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