18 de setembro de 2012

TROPICÁLIA


Eu tive o privilégio de estar presente na estréia do documentário Tropicália (idem), realizada no Cinespaço do The Square Open Mall, centro empresarial e Shopping Center localizado na região da Granja Viana.

Mais do que isso, tive também o privilégio de me sentar ao lado da produtora Paula Cosenza e do diretor Marcelo Machado em uma conversa informal à frente de um cinema com seus 210 lugares quase cheios. Pelo menos durante a sessão que, diga-se de passagem, teve muitos convidados graças a um evento promovido pela Rádio Granja, mas também teve ingressos à venda para o público comum.

Ou seja, foi uma sessão especial, mas não fechada.

A receptividade do diretor para com as perguntas dos presentes foi entusiasmante. Na verdade, foram poucas perguntas e muitos agradecimentos por parte do público mais velho, muitos deles jovens e presentes durante o movimento Tropicalismo em si, que se sucedeu entre os anos de 1967 e 1969.

Jornais e revistas dirão tudo. Repórteres mais bem preparados, informados e talentosos que eu, que nem sou repórter, se certificarão de que os leitores recebam, com minuciosidade, todas as análises e comparativos, sejam eles positivos ou não.

Isso me deixa livre para fazer o que eu mais gosto: expressar minha opinião sem me prender a técnicas ou até mesmo à lógica comum.

O Tropicalismo foi um movimento torto, desconexo. Um elemento sensorial audiovisual que tinha o intuito de desnortear a visão linear da realidade. Fosse pela busca de novas perspectivas e experiências, fator comum não só na vanguarda, mas também na arte pop dos anos 60, fosse para burlar o olhar severo da ditadura militar. Mesmo confusas, as peças do quebra-cabeça estão todas lá, unidas de forma incompreensível, inexplicável, mas inseparável. Não como em um roteiro clássico de um filme de John Ford, mais como em uma ação anti-dramática ao melhor estilo Godard.

E o filme, em sua estrutura e lógica, acompanha esta explosão de criatividade e rebeldia que, muito possivelmente pela proibição em solo nacional, pelo confinamento da liberdade e pelo caldeirão de sensatez que transbordava mundo afora, tornou-se real e eterna.

A sequência final, algo possível somente graças ao evento do cinema, é particularmente tocante. Evito dizer como termina, afinal, existem eventos que podem pairar ignorados por décadas, mas terminar verdadeiramente, nunca terminam.