15 de abril de 2012

A FORÇA DO 3D


Quando Apocalypse now (idem) foi remontado e recebeu quase uma hora a mais de imagens que, na teoria, teriam sido retiradas na época de seu lançamento pois os estúdios temiam que a produção, repleta de problemas e de estouros no prazo e no orçamento, tornaria o fracasso ainda mais iminente, eu fiquei feliz. É uma das obras mais importantes do cinema e um dos filmes mais significativos no quesito pessoal. A versão recebeu o nome de Apocalypse now redux (idem).

É claro que em 1979, ano de seu lançamento, ninguém poderia prever a dimensão e a força de sua influência geração após geração. O filme foi um sucesso de crítica e público e é considerado um marco, muito por sua impecável qualidade técnica, e também por representar o término de uma era que revolucionou Hollywood e o cinema mundial.

A nova versão lotou salas de mostras mundo afora. Ir ao cinema é uma experiência que se renova a cada sessão, como um show ou uma partida de futebol. Para fãs e aficionados que apenas tinham tido acesso pelo VHS e mais recentemente DVD e Blu-Ray, Apocalypse now redux dava ao mito uma nova forma e criava um universo de descobertas.

Um deleite.

Quando, no entanto, tenho a notícia de que Titanic (idem) está a frequentar a lista dos 10 filmes mais vistos nos cinemas norte americanos, minhas dúvidas e receios teimam em aparecer.

É verdade. Foi o primeiro a superar a marca de um bilhão de dólares. Foi um sucesso irrepreensível que nunca havia sido visto ou sequer imaginado. Mas me parece pouco para, transformado em uma versão 3D, voltar a recrutar fãs. Sejam jovens ou não.

O ano passado me deixou bastante otimista com o mundo da sétima arte. Woody Allen voltava a fazer sucesso, Cisne negro (black swan), foi uma surpresa nas bilheterias, as animações gráficas, em especial as criadas pela Pixar, fixavam um novo padrão de qualidade no universo infantil. A volta de Titanic e seu sucesso bastante considerável diminuem minhas expectativas.

Durante os anos 50, Hollywood viveu sua maior crise criativa. O cinema norte americano, já uma referência mundial, voltou aos trilhos graças ao surgimento de cineastas como Jean-Luc Godard e Michelangelo Antonioni e o início de uma safra recheada de novas idéias lideradas, principalmente, por Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Dennis Hopper.

Sem procurar menosprezar a obra, só espero que nomes como Darren Aronofsky, David Fincher e Paul Thomas Anderson tenham forças para superar versões em 3D de filmes mortos e enterrados e, convenhamos, de pouca relevância artística.

Ou pelo menos, sobreviver lado a lado.

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