Quando
Apocalypse
now (idem) foi remontado e recebeu quase uma hora a mais de imagens
que, na teoria, teriam sido retiradas na época de seu lançamento pois os
estúdios temiam que a produção, repleta de problemas e de estouros no prazo e no
orçamento, tornaria o fracasso ainda mais iminente, eu fiquei feliz. É uma das
obras mais importantes do cinema e um dos filmes mais significativos no quesito
pessoal. A versão recebeu o nome de Apocalypse now redux (idem).
É
claro que em 1979, ano de seu lançamento, ninguém poderia prever a dimensão e a
força de sua influência geração após geração. O filme foi um sucesso de crítica
e público e é considerado um marco, muito por sua impecável qualidade técnica,
e também por representar o término de uma era que revolucionou Hollywood e o
cinema mundial.
A
nova versão lotou salas de mostras mundo afora. Ir ao cinema é uma experiência
que se renova a cada sessão, como um show ou uma partida de futebol. Para fãs e
aficionados que apenas tinham tido acesso pelo VHS e mais recentemente DVD e
Blu-Ray, Apocalypse now redux dava ao mito uma nova forma
e criava um universo de descobertas.
Um deleite.
Quando,
no entanto, tenho a notícia de que Titanic
(idem) está a frequentar a lista dos 10 filmes mais vistos nos cinemas norte
americanos, minhas dúvidas e receios teimam em aparecer.
É
verdade. Foi o primeiro a superar a marca de um bilhão de dólares. Foi um
sucesso irrepreensível que nunca havia sido visto ou sequer imaginado. Mas me
parece pouco para, transformado em uma versão 3D, voltar a recrutar fãs. Sejam jovens
ou não.
O
ano passado me deixou bastante otimista com o mundo da sétima arte. Woody Allen
voltava a fazer sucesso, Cisne negro
(black swan), foi uma surpresa nas
bilheterias, as animações gráficas, em especial as criadas pela Pixar, fixavam um novo padrão de
qualidade no universo infantil. A volta de Titanic e seu sucesso bastante
considerável diminuem minhas expectativas.
Durante
os anos 50, Hollywood viveu sua maior crise criativa. O cinema norte americano,
já uma referência mundial, voltou aos trilhos graças ao surgimento de cineastas
como Jean-Luc Godard e Michelangelo Antonioni e o início de uma safra recheada
de novas idéias lideradas, principalmente, por Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Dennis
Hopper.
Sem procurar menosprezar a obra, só
espero que nomes como Darren Aronofsky, David Fincher e Paul Thomas Anderson
tenham forças para superar versões em 3D de filmes mortos e enterrados e, convenhamos, de pouca relevância artística.
Ou
pelo menos, sobreviver lado a lado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário