A
Marvel é uma marca poderosa no mundo
do cinema. A trilogia X-Men (idem) e o filme de estréia do
Motoqueiro Fantasma (ghost rider), por exemplo, tiveram
bilheterias magníficas. A também trilogia Homem-Aranha
(spider-man) deteve, por muito tempo,
o maior lucro em um final de semana de estréia. Mesmo personagens menos
rentáveis como Demolidor: o Homem Sem
Medo (Daredevil) ou os que compõem o Quarteto
Fantástico (fantastic four) tiveram
uma boa parcela de lucro.
Vou
trabalhar agora com uma dedução pessoal. Por volta de 2004, quando o
projeto Homem de Ferro (iron man) estava em seu início, imagino
que muitos passaram a visualizar a possibilidade de adaptar Os Vingadores (the avengers) para as telas. Até onde ia essa pretensão, fica
difícil de conceber. No entanto, o fato de uma nova versão de O Incrível Hulk (the incredible Hulk) ter sido iniciada em paralelo, a princípio
para apagar a descaracterização feita anteriormente por Ang Lee, não me parece
coincidência.
Nick
Fury, comandante da S.H.I.E.L.D foi
introduzido. A conexão entre Tony Stark e Bruce Banner também. Em Homem de Ferro 2 (iron man 2) tivemos o primeiro contato com a personagem Viúva Negra (Black Widow). Neste momento,
a sequência de fatos já parecia bastante óbvia.
Então
vieram Thor (idem) e Capitão América: o Primeiro Vingador (Captain America: the first avenger). Nada poderia ser mais claro que o subtítulo O Primeiro Vingador.
Bastou
aguardar.
Para
quem não sabe, Os Vingadores foi uma
resposta da Marvel para a Liga da Justiça, criada pelo selo DC em meados dos anos 40. A DC, que compõe um universo de
super-heróis tais como Batman, Super-Homem, Lanterna Verde, entre outros, sempre foi rival da Marvel e de sua legião pessoal.
Uma
competição saudável entre roteiristas, desenhistas e criadores. Stan Lee e Jack
Kirby, no entanto, foram definitivos para que a Marvel saísse quase sempre à frente.
Nos
cinemas não é diferente.
Com
exceção ao Batman de Christopher
Nolan e um longínquo filme de estréia do Super-Homem,
a DC sempre esteve à sombra da Marvel. O fracasso do recente Lanterna Verde
(Green Lantern) somente comprova esta afirmação.
Mas
vamos aos fatos.
A
expectativa foi maior que o resultado final. Apesar da votação dos internautas
ter resultado em uma nota média impressionante de 8.9/10 (http://www.imdb.com/title/tt0848228/) e dos jornais terem
colocado três estrelas, o filme é apenas bom. Resultado que eu considero
extremamente positivo, considerando a incompatibilidade de alguns personagens
para os dias de hoje.
De
início, uma modificação e uma introdução: Mark Ruffalo assume o papel de Bruce
Banner (Hulk) e Jeremy Renner interpreta o Falcão
(Hawkeye), que não é conhecido o suficiente para fazer valer um filme solo. Para
quem não tem contato com os quadrinhos, ele é um dos heróis.
O
roteiro é bastante bem feito, devo dizer. O esquema é conhecido, mas a
integração da trama, narrativa e personagens funciona e não deixa furos, o que
é importante neste caso. Tudo funciona de forma lógica e compreensível
e o espectador recebe as informações e as conexões no tempo certo. Em um ritmo
constante para os fãs e bem centralizado para os passageiros de primeira
viagem. Alguns itens são repetidos ao longo do filme para que sejam mais bem
fixados. Além de tudo, muito do humor funciona. Os clichês estão presentes. Aparentemente
eles tornaram-se obrigatórios. Uma pena, mas acreditem: são poucos e rápidos,
para nossa sorte.
A
direção de Joss Whedon é segura. A câmera sempre se posiciona em um
local onde a ação torna-se clara e visualmente privilegiada. Muitos diretores, como Michael Bay,
teimam em manter a ação frenética e confusa. Não é o caso. Mesmo em momentos
onde ocorrem diversos tiros, lutas corporais, explosões e dezenas de
personagens em cena, tudo fica visível e distinguível. É uma tarefa bastante
complicada e os méritos merecem ser destacados. A direção dos atores e das
cenas onde o predomínio está ligado aos diálogos também tem seu charme. A química
está presente, principalmente entre Mark Ruffalo, Robert Downey Jr. e Jeremy
Renner.
Mas
o que vale aqui é ação e adrenalina. E por isso, gostei de ter ido ao cinema ao
invés de aguardar o lançamento em Blu-Ray.
Os
efeitos sonoros são extraordinários. É impressionante como uma sonoplastia e
uma mixagem de som do porte aqui tratadas complementam e intensificam uma
sequência. Visualmente, o filme é todo muito bem feito, mas gostaria de
destacar um momento em particular: a luta entre Thor e Homem de Ferro.
Golpes desferidos por personagens com este poderio físico ou tecnológico precisam de um exagero que muitas
vezes não consegue ser bem refletido nas telas. Falta ritmo, entrosamento, os
efeitos não sustentam determinadas ações dos personagens. Aqui, no entanto,
tudo ocorre de forma perfeita. Acho que esta palavra define bem. É de uma
magnitude admirável.
Infelizmente
vi a tudo em 3D, mas ao término da sessão digo que não me arrependi.
Os
óculos são sacais, mas a tecnologia é muito bem explorada e cria um ambiente de
vastidão ainda maior, o que é bastante positivo para uma aventura deste porte.
Possivelmente
eu nunca mais verei este filme. Como não revi tantos outros bons filmes de ação
em minha vida.
Mas
digo uma coisa: cinema não se resume apenas a conteúdo ou a um mero artifício de reflexão. É também a vontade de adentrar um universo próprio onde as
regras que conhecemos muitas vezes não se aplicam.
Neste
quesito, Os Vingadores triunfa.
Assistam
com olhos de criança.