24 de maio de 2012

CANNES 2012


O Festival de Cannes procura o caminho oposto ao Oscar. Aparentemente, e em minha opinião os dois pecam neste quesito, um acredita que representa o cinema de arte e o outro o cinema de público, ou comercial.

Bobagem.

Todo cinema é comercial. Ninguém gasta anos de sua vida, tempo de centenas (às vezes milhares) de profissionais para exibir o resultado em uma reunião de família. Obviamente, um filme de Steven Spielberg tem um apelo maior e um de Ingmar Bergman, menor. Mas os dois conhecem bem seu público. Sabem do que eles gostam, sabem o que querem, sabem entregar seu melhor.

Ninguém investiria em um projeto no intuito de perder dinheiro. Se o investimento é baixo, pode haver mais ousadia. Se for demasiadamente alto, regras precisam ser cumpridas.

Imagine Os Vingadores (the avengers) nas mãos de Woody Allen.

Cinema necessita de um talento investidor.

O contrário também é verdadeiro.

Todo filme é arte. Um século de teorias e desenvolvimento. O talento (muito ou pouco) das mãos de centenas (às vezes milhares) de profissionais. Planejamento, visão, empenho. Tecnologia.

Um livro de Sidney Sheldon é literatura, assim como é um de Hemingway. As virtudes de cada um devem ser discutidas à parte.

De qualquer forma, a dicotomia existe. Assim é fixada, assim a maioria acredita.

Curiosamente, o Oscar tem seus momentos de excentricidade. A vitória de Eminem por melhor canção original é um deles. Colocar Cisne Negro (black swan) e Toy Story 3 (idem) competindo na mesma categoria é outro.

Em Cannes o fenômeno é mais frequente.

Holy Motors (ainda sem título em português) apresenta a cantora pop australiana Kylie Minogue em um papel essencial. É um fato no mínimo curioso.

Mas assim como Lars Von Trier havia feito com Björk em Dançando no Escuro (dancer in the dark), o diretor Leos Carax parece apostar em um talento oculto para despertar uma grande atuação em um cenário surpreendente.

Situado em Paris e utilizando uma estrutura onírica, Holy Motors foi o filme mais aplaudido até o presente momento.

Desta forma, pode seguir os passos de Dançando no Escuro que, na ocasião, venceu o prêmio principal e também o de melhor atriz graças à atuação surpreendente da cantora Björk.

O final do Festival ocorre no próximo Domingo, dia 27 de Maio.

Um dos concorrentes é On the Road (idem) de Walter Salles, título comentado em uma coluna anterior.

Na próxima Segunda-feira farei uma publicação com todos os vencedores.

Aguardem.  


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