20 de março de 2012

ON THE ROAD


On the road de Jack Kerouac definiu para o mundo a filosofia da geração beat, formada por uma grande parcela da população norte americana inconformada com a posição do país em um sentido político e também espiritual. Posteriormente conhecidos como beatniks e precursores do movimento hippie, eram representados, principalmente, por Kerouac, pelo poeta Allen Ginsberg e por William S. Borroughs, escritor da novela psicodélica The naked lunch, adaptada para os cinemas pelas mãos de David Cronenberg.

Um dos protagonistas de On the road, Dean Moriarty, tornou-se o primeiro grande anti-herói da literatura em larga escala, quando em paralelo James Dean e Marlon Brando representavam sua rebeldia nas telas dos cinemas. Dean Moriarty que é, na realidade, o nome fictício do escritor Neal Cassady, grande companheiro de aventuras de Kerouac.

Para sua primeira edição, On the road exigiu severas modificações que perduraram até pouco tempo, quando o manuscrito original afinal foi publicado. Apesar de alterado em seu lançamento e perdendo parte de sua narativa selvagem e do ímpeto do escritor, o livro modificou a mentalidade de toda uma geração de artistas, entre eles, Bob Dylan, John Lennon e Pete Townshend, apenas para citar o mundo da música.

Curiosamente, coube a Walter Salles o desafio de tornar esta epopéia prosa contínua em um filme. O produtor, ninguém menos que Francis Ford Coppola, talvez o maior representante da contracultura no mundo da sétima arte, confiou ao brasileiro a tarefa de transcrever para o universo das imagens as delusões e devaneios de Kerouac durante sua jornada pelas terras áridas e esquecidas em meio ao sonho americano. Os nomes fictícios foram mantidos, assim Kerouac é Sal Paradise, Neal Cassady é Dean Moriarty e William S. Borroughs é Old Bull Lee.

Recentemente o primeiro trailer foi disponibilizado na web (e também nos cinemas norte americanos) e funciona como uma prévia do que estaria por vir. O fator de curiosidade é que On the road funciona como uma espécie de espelho, onde o leitor reflete seus medos, inseguranças, desejos e pensamentos desconexos conforme as linhas se desenrolam.

Desta forma a decepção pode ser grande ao visualizar uma imagem que em nada se parece com a que foi desenvolvida em nosso íntimo durante a leitura. Acredito que a melhor maneira de combater este preconceito é analisar a obra de Walter Salles pelo que é: um filme. Uma forma de linguagem muito distante da literatura, mesmo que em determinados momentos estas artes em tanto se assemelhem.


Um comentário:

  1. Texto bem explicativo e compreensivo para aqueles que conhecem pouco dessa geração e não leram o livro. Realmente é sempre difícil, quando assistimos um filme após termos lido o livro, nos distanciarmos das impressões da leitura e entrarmos no filme desprovidos de preconceitos, o que acaba sendo uma frustração.
    Ótima publicação!

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