9 de março de 2012

A ÁRVORE DA VIDA



Esta foi uma coluna publicada alguns meses atrás na Revista Circuito. Como eu estou disposto a analisar todos os nove indicados ao Oscar principal nas próximas semanas, A árvore da vida me parece uma obrigação, já que foi lançado ainda em meados de 2011 e praticamente todos os críticos deram sua opinião durante esse tempo. A minha, em nada se alterou nesses meses. Logo, acho que posso publicar este texto sem medo de que envelheça.

Divirtam-se.

Existem dezenas, talvez uma centena de razões para o público criar uma empatia extrema com a mais recente obra de terrence Malick.

E essa empatia tem início muito antes do término de seus 139 minutos de duração.

A árvore da vida é uma poesia em tempos de prosa. É completa em tempos de coesão. É paciente em tempos de imediatez. É a origem em tempos de conclusão. Não é a direção contrária, mas uma perspectiva totalmente diferenciada enviada a uma geração acostumada a um mundo construído. A um mundo planejado. Um mundo manipulado. Engana-se quem a considera uma obra sem início, meio e fim. O início é o nascimento, o meio, o crescimento e o fim, a morte. Que é, afinal, o único e verdadeiro fim. Pelo menos para aquilo que entendemos como vida.

É curioso considerar que a principal razão do descaso de diversos críticos e da maioria do público é a falta de enredo. Da ausência de uma história ou de uma linha narrativa em particular. Refletindo calmamente, e durante a sessão temos todo o tempo e referências visuais para isso, eu cheguei a uma conclusão diferente: existe uma linha narrativa em nossa vida? Uma sequência lógica de acontecimentos? Uma razão ou um sentido, por mais ínfimo que seja? Provavelmente sim. Muitos. Diversos. Infinitos. E o que há de mais infinito que o próprio nada? A ausência? O não? Isso não significa impor um raciocínio pessimista ou negativo. Significa simplificar e entender que talvez a razão, o sentido, seja ele próprio. Apenas ser. Viver e seguir em frente. Falecer e criar espaço para os que estão, para os que virão e para aqueles que ainda serão.

E não é essa a única forma de seguir em frente? O nascimento, o crescimento e a morte? Acostumados a uma infinidade de informações por segundo, talvez nosso cérebro e nossos sentidos tenham acobertado o que há de mais humano em nós mesmos: aceitar. Não esmorecer, não ir ao encontro da morte. Mas entender que este caminho é único, sendo assim, estamos todos juntos, conectados de alguma forma, como o próprio Malick já havia ensaiado em Além da linha vermelha.

Existem dezenas, talvez uma centena de razões para o público criar uma empatia extrema com a mais recente obra de Terrence Malick. Por essas mesmas razões, eu a considero especial.

Um comentário: