Divirtam-se.
Existem dezenas, talvez uma centena de razões para o público criar uma empatia extrema com a mais recente obra de terrence Malick.
E essa empatia tem início muito antes do término de seus 139 minutos de duração.
A árvore da vida é uma poesia em tempos de prosa. É completa em tempos de coesão. É paciente em tempos de imediatez. É a origem em tempos de conclusão. Não é a direção contrária, mas uma perspectiva totalmente diferenciada enviada a uma geração acostumada a um mundo construído. A um mundo planejado. Um mundo manipulado. Engana-se quem a considera uma obra sem início, meio e fim. O início é o nascimento, o meio, o crescimento e o fim, a morte. Que é, afinal, o único e verdadeiro fim. Pelo menos para aquilo que entendemos como vida.
É curioso considerar que a principal razão do descaso de diversos críticos e da maioria do público é a falta de enredo. Da ausência de uma história ou de uma linha narrativa em particular. Refletindo calmamente, e durante a sessão temos todo o tempo e referências visuais para isso, eu cheguei a uma conclusão diferente: existe uma linha narrativa em nossa vida? Uma sequência lógica de acontecimentos? Uma razão ou um sentido, por mais ínfimo que seja? Provavelmente sim. Muitos. Diversos. Infinitos. E o que há de mais infinito que o próprio nada? A ausência? O não? Isso não significa impor um raciocínio pessimista ou negativo. Significa simplificar e entender que talvez a razão, o sentido, seja ele próprio. Apenas ser. Viver e seguir em frente. Falecer e criar espaço para os que estão, para os que virão e para aqueles que ainda serão.
E não é essa a única forma de seguir em frente? O nascimento, o crescimento e a morte? Acostumados a uma infinidade de informações por segundo, talvez nosso cérebro e nossos sentidos tenham acobertado o que há de mais humano em nós mesmos: aceitar. Não esmorecer, não ir ao encontro da morte. Mas entender que este caminho é único, sendo assim, estamos todos juntos, conectados de alguma forma, como o próprio Malick já havia ensaiado em Além da linha vermelha.
Existem dezenas, talvez uma centena de razões para o público criar uma empatia extrema com a mais recente obra de Terrence Malick. Por essas mesmas razões, eu a considero especial.
Fiquei com vontade de ver o filme...
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