12 de junho de 2012

OS PROCURADOS


Eu não gostei da série Madagascar (idem). O primeiro episódio até continha alguns elementos bastante interessantes. O fato de não apresentar um vilão específico, que não é novidade neste tipo de animação desde o pioneiro Toy Story (idem), os pinguins, que regiam sequências cômicas bastante curiosas e os lêmures, em especial o rei Julien dublado por Sacha Baron Cohen, representavam bem o fonzie, aquele típico personagem estereotipado das sitcoms que não tem uma noção definida de realidade. O Kramer das selvas. Somados, estes detalhes conseguiam criar ganchos suficientes para suportar uma trama. Os intervalos, no entanto, deixavam longas barrigas e tornavam o conteúdo geral bastante tedioso.

O segundo episódio foi aquém. Em primeiro lugar, não respeitou as regras impostas no predecessor, criando situações demasiadamente forçadas. Em segundo lugar, esqueceu que a comédia vive de situações engraçadas, não de piadas. Contar uma história seguindo uma série de esquetes, como feito em Não é Mais um Besteirol Americano (not another teen movie), por exemplo, é zombar de forma grosseira da inteligência do público. Em especial, das crianças. Para se ter uma idéia, meu filho de cinco anos não gostou do resultado. Imagino como deve ter sido para os mais velhos.

Por que fui assistir a Madagascar 3: Os Procurados (Madagascar: Europe`s most wanted)? Bom, e quem é que sabe?

Uma surpresa, no entanto. Talvez por estar acompanhado do pequeno, talvez por não criar um mínimo de expectativas, talvez por estar vivendo uma fase menos exigente, o fato é que, pasmem, eu ri. E com vontade. O filme é surpreendentemente bom. Mais do que isso, tem momentos hilários e inteligentes. Algumas passagens de mau gosto, devo dizer, mas o balanço geral é positivo.

Existem ótimas sequências de ação, personagens bem desenvolvidos, uma trama perspicaz e poucos intervalos vazios. Mesmo as passagens de cena são complementadas por situações curiosas. Talvez elas nem mesmo tenham uma contribuição para o quadro geral, mas o que isso importa? O cinema não vive somente de reflexão. O cinema vive de vontade.

Da vontade de se locomover, pagar estacionamento, um ingresso caro, aturar um sistema de som medíocre (ainda mais em filmes dublados), trânsito e muitas vezes a decepção do filho. Sua satisfação, no entanto, vale o sacrifício.

Ele saiu satisfeito, eu também.

Ao final, gostar de um filme continua sendo o fator mais importante.


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