4 de junho de 2012

BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR


Eu não sei se este fato já pode ser considerado uma tendência, mas os clássicos estão sendo reescritos (ou reciclados) e apresentados a uma nova geração.

Não falo de clássicos como E o Vento Levou (gone with the wind), mas das histórias que nossos pais contavam na hora de dormir. Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho, A Gata Borralheira, enfim, as fábulas da infância.

Cada um teve a sua.

Obviamente, não há nada de original nesta observação. Estas histórias utilizavam mitos e arquétipos no intuito de introduzir morais e lições de vida ao universo infantil. Desta maneira, elas existem em diversos universos em todas as formas de arte e nos discursos do dia-a-dia. Afinal, lidam com o que há de intrínseco no ser humano.

Pois Hollywood, vivendo uma fase de contraste entre a total falta de criatividade e a afirmação de realizadores notáveis como Darren Aronofsky e Paul Thomas Anderson, decidiu investir neste novo nicho. Depender de obras como Cisne Negro (black swan) para pagar as contas é muito arriscado.

Primeiramente, como é de praxe, apoiaram-se na literatura.

Os vampiros new wave, carismáticos e apaixonados conseguiram um grande espaço. A saga Crepúsculo (twilight) é uma franquia de bilhões.

Depois veio a comédia infantil Deu a Louca na Chapeuzinho (hoodwinked). Sucesso que rendeu uma continuação.

Vagarosamente, adolescentes e adultos tornaram-se o novo alvo.

A garota da Capa Vermelha (red riding hood) foi o primeiro passo. Uma releitura severa e madura da história da Chapeuzinho Vermelho. Pelo menos foi assim que pareceu aos produtores.

Funcionou no setor financeiro. O que é suficiente.

Hoje, no topo das bilheterias (à frente de Os Vingadores e Homens de Preto III) está Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the huntsman). Nem preciso dizer a história que inspirou o filme.

Apresentando como protagonista Kristen Stewart, a Hollywood girl (sex symbol?) da vez, a história cerca-se de cenários com um visual bastante carregado.

Se a Garota da Capa Vermelha introduzia elementos sexuais, este procura a elegância das grandes batalhas, uma espécie de cruzada onírica se é que esta expressão faz algum sentido. Eu não assisti ao filme, fico devendo uma análise mais detalhada.

O que me chama a atenção é está lógica de leitura adulta. Estas fábulas são infantis, mas lidas nas entrelinhas tratam de assuntos extremamente densos e muitas vezes polêmicos. O que dizer de O Mágico de Oz (the wizard of Oz) ou Alice no País das Maravilhas (Alice in wonderland)? A abordagem seria proibida em algumas culturas, fosse um pouco mais evidente

Seriam nossas crianças subestimadas ou nossos adultos superestimados?

Qualquer das respostas demanda um sinal de alerta.


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