17 de julho de 2012

VALENTE


Dificilmente a Pixar irá reencontrar a originalidade e a ousadia de um Wall-E (idem) ou a qualidade nostálgica da série Toy Story (idem). Feitos raros, não apenas no universo das animações, mas também na história da arte em si. Pontos altos e memoráveis, um legado que se estende e se completa.

Assim a história segue.

Alguns elementos, no entanto, permanecem e aperfeiçoam-se obra a obra. O maior deles talvez seja a atenção aos detalhes.

A riqueza das imagens e a importância dos elementos em cena criam um universo magnífico e pessoal. Somente Kung Fu Panda (idem) foi capaz de fazer frente a este grupo de criadores, pelo menos neste quesito. Mesmo Carros 2 (cars 2), ponto fraco de sua filmografia, apresenta sequências com um nível de perfeição tão alto que valem a atenção observando suas pinceladas.

Valente (brave) me parecia uma incógnita. Não no aspecto visual. Basta ver a cabeleira de Merida espalhada ao vento para notar a assinatura da qualidade. Eu digo referente à história que é, ao final, o grande atrativo. Apesar de ter como distribuidora a Walt Disney Pictures, a Pixar tem liberdade criativa total. Fosse o contrário, Ratatouille (idem) jamais teria sido realizado da forma como conhecemos. O que dirá o já citado Wall-E.

Mesmo assim, uma princesa, um reino encantado, uma história baseada em fábulas e mitos, canções, bruxas... A Disney estaria em casa.

Para a nossa sorte, não esteve.

Valente não é uma comédia hilariante, mas agrada por ser intrigante, meticulosamente dosado e simples em sua complexidade. A história confundiria as crianças, não estivesse camuflada por um magnífico visual, boas cenas de ação e um humor fácil.

Fácil não no sinônimo de ruim, mas voltado para sentimentos primários. O velho pastelão, na linguagem comum. A movimentação dos personagens e suas excentricidades (muitos estereótipos) funcionam bem. Existem elementos bastante sofisticados, mas devemos lembrar sempre que o público alvo é o infantil. Desta maneira, nada como quedas e humor adaptável. Muitas vezes mais difícil que o refinado.

Sempre que vou assistir a um filme deste porte observo as reações do meu filho. E eu fiquei bastante apreensivo ao término. Não me parecia algo que interessasse a uma criança de cinco anos.

Para minha surpresa ele saiu extremamente satisfeito, eu também.

Deduzo que, por essa razão, é uma boa obra.

Certamente irá surpreender muitos desconfiados.


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