1 de julho de 2012

A ERA DO GELO 4


A Era do Gelo 4 (ice age: continental drift) teve sua estréia em solo nacional no último dia 29. Os norte americanos terão de esperar duas semanas mais.

Alguns anos atrás, este era um fato incomum. Nos últimos tempos, no entanto, diversos estúdios chegaram à conclusão de que utilizar a recepção do público e críticas favoráveis vindas de fora como ferramentas de marketing pode funcionar muito bem. Com Os Vingadores (the avengers) foi assim. A expectativa aumentou muito e certamente colaborou para o filme bater o recorde de bilheteria em um final de semana de estréia.

Com este novo episódio de A Era do Gelo o tiro pode sair pela culatra.

Os comentários são desfavoráveis (alguns até bastante incisivos) e a expressão do público, pelo menos na sessão à qual eu estive presente, foi de decepção. Por diversas vezes eu escutei meu filho dizer: “Eu não estou gostando muito”, o que na linguagem dos adultos significa que o filme é péssimo.

Eu não diria de todo ruim. Mas a estrutura narrativa é realmente terrível.

Existem piadas muito boas, mas quase todas voltadas para o público adulto. E pior, o ritmo é oscilante. As sequências de ação são mal elaboradas e os momentos cômicos isolados. A história paralela à aventura do trio de amigos chega a ser um desaforo à inteligência das crianças. A apresentação dos personagens é demasiada hesitante e a maior parte destes muito mal explorada. Já que Crash e Eddie aparecem pouco e não há um elemento cômico ao estilo Buck, sobra para Sid conduzir a comédia. Ele tem os melhores momentos, é bem verdade, mas não o suficiente para manter a história interessante.

O desastre maior, no entanto, fica para o final.

O termo Deus Ex-Machina foi criado na Grécia e significa algo como Deus Surgido da Máquina. É um artifício teatral, mas que já foi muito utilizado no cinema. Basicamente ele surge quando o escritor/roteirista não consegue criar um gancho para dar continuidade à sua trama, ou não descobre uma forma de criar um desfecho para sua história. Surge então uma força sobrenatural (Deus, por exemplo) que age diretamente contra ou a favor de um personagem. Na Grécia antiga eram bonecos movimentados por uma maquinaria, daí surgiu o termo. Na maior parte das vezes, no entanto, este truque é camuflado. Por exemplo: o herói está encurralado e o vilão aproxima-se para matá-lo. Não há saída. Então, cai um meteoro do céu e mata o vilão. Utilizar a casualidade é interessante, mas quando ela se torna um elemento crucial fica claro que o que aconteceu na realidade foi uma grande falta de criatividade, para não dizer preguiça. Isso acontece ao final de A Era do Gelo 4. Não vou dizer como para não estragar a surpresa, mas está lá.

Como balanço geral, é um programa mediano que pode agradar um público pouco exigente.

Pelo menos por algum tempo.


Um comentário:

  1. Pior foi ver um menino de 5 anos saindo decepcionadíssimo do cinema....tal Pai tal filho. Herança genética da paixão por filmes ainda vai dar o que falar!
    Enfim, A Era do Gelo 2 e 3 continuam imbatíveis.

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